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Crédito da imagem:

Edgar Kanaykõ Xakriabá

Âncora 2

GESTÃO 2022-2023

Estabelecemos como principal norte de nossa gestão a construção de uma Antropologia Visual Pública, comprometida com a plataforma da atual gestão da ABA: “Corpos, Territórios e Meio Ambiente: a antropologia em defesa dos direitos, da pluralidade e da vida”.

Antropologia Visual Pública

A crise das democracias no mundo é fruto entre muitos fatores do enfraquecimento de atores centrais que respaldam a legitimidade de instituições democráticas. A
disseminação progressiva de novas tecnologias da informação e comunicação abriram espaço para a produção descentralizada de notícias e dados, que se multiplicam sem os devidos contrapesos e filtros importantes que a legislação previa (como o crime por difamação) e as instituições científicas atestam (como a análise e pareceres realizados por conselhos ou pares). A desinformação e o negacionismo têm exigido dos pesquisadores um engajamento maior no debate público do que aquele provido pelos órgãos de divulgação científica e que a imprensa tradicional abre. Nos últimos anos, o Comitê de Antropologia Visual e a Comissão de Imagem e Som da ANPOCS participaram de diferentes debates para enfrentar a desinformação e os recorrentes ataques que a antropologia, as humanidades, artes e ciências em geral vem sofrendo. Essa discussão foi importante para a formação do Comitê de Comunicação e Divulgação Científica na ABA. A reflexão que diferentes pesquisadores/as da Rede tem feito é que antropologia visual em seu histórico tem buscado ampliar o diálogo da produção científica antropológica desde sua fundação. É fato que a desinformação e a fakenews não são um advento dos últimos anos como têm defendido, por exemplo, Vladimir Safatle. Entretanto, as formas tradicionais de imprensa escrita, televisiva e radiofônica, ainda são produzidas sob o regime discursivo da autoria, que permite a identificação e responsabilização de divulgação de notícias falsas. As redes sociais, especialmente, Whatsapp, Telegram e congêneres, com seu potencial enorme de compartilhamento, tem dificultado o rastreamento da autoria de fakenews. Com a proposta de "antropologia compartilhada" de Jean Rouch, pois nossos interlocutores
não apenas recebiam a restituição da pesquisa em uma linguagem mais próxima de seu cotidiano, como participavam ativamente da feitura do produto final da investigação. Muitos desdobramentos constituíram-se desde a proposta de Rouch, entre outros, o de antropólogos visuais como John Marshall, David McDougall, Anna Grinshaw. Contudo, no tema em tela, a questão central não era apenas criar outras vias de comunicação com nossos interlocutores, mas também refletir as questões teórico-metodológicas da imagem visual na pesquisa e ampliar formas de se comunicar para além dos modos vigentes na imprensa tradicional, nos cinemas hegemônicos e na própria antropologia. Esse breve histórico é importante, pois uma das questões centrais da antropologia visual não é se comunicar de maneira mais efetiva para grandes públicos e tampouco buscar o consenso ou convencimento, como de uma certa forma as novas tecnologias da informação e comunicação visam. Pelo contrário, compreender como a imagem visual e o som seja nos formatos convencionais, seja nas formas alternativas são modos de conhecimento e sentipensar fundamentais em diversas sociabilidades existentes. Se por um lado, é fundamental nos engajarmos nessa espécie de guerra informacional utilizando as novas tecnologias da informação e comunicação. Por outro lado, a Antropologia Visual realiza pesquisas que problematizam esses meios - as imagens e recursos audiovisuais veiculados - como produtoras de conhecimento e formadores de opinião, bem como busca em suas produções multimodais outras formas e linguagens, que ampliem os modos de ser e estar no mundo na contracorrente da padronização algorítmica das redes sociais. Nesse sentido, uma Antropologia Visual Pública visa prover um trabalho curatorial na divulgação científica com especial atenção no potencial da linguagem audiovisual nessa comunicação, mas também um trabalho de reflexão crítica sobre os usos e desusos dessa linguagem como meio comunicacional. Em termos de ações práticas, visamos continuar com o trabalho das gestões anteriores de ampliar a circulação e exibição da produção de antropólogos/as visuais, mapear e possivelmente disponibilizar a produção dos últimos 30 anos de Antropologia Visual no país e fortalecer o diálogo e a circulação dessa produção entre os colegas da Rede de Antropologia Audiovisual latino-americana e de países de língua portuguesa. A publicização da produção e da discussão acumulada pela Rede de Antropologia Visual precisará do apoio e diálogo estreito com o Comitê de Comunicação e Divulgação Científica. Como os temas trabalhados pela Rede de Antropologia Visual são muito diversos, durante a nossa gestão, iremos focar prioritariamente em mapear filmes, ensaios fotográficos e pesquisas multimodais que tratem das problemáticas dos corpos e seus direitos, territórios e ambiente a fim de contribuir com as demandas da diretoria, comitês e comissões da ABA. Apresentamos a seguir os quatro eixos temáticos para a proposta de uma Antropologia Visual Pública.

 

 

Coordenadores
Luis Felipe Kojima Hirano (UFG)
Fabiana Bruno (Unicamp)

Representações
Lisabete Coradini (UFRN) - Presidenta do Prêmio Pierre Verger
Vi Grunvald (UFRGS) - Representante do CAV na ANPOCS
Jesus Marmanillo Pereira (UFMA) - Representante do CAV no Comitê de Comunicação e Divulgação Científica

Membros
Aina Azevedo (UFPB)
Ana Lúcia Ferraz (UFF)
Anelise Guterres (MN/UFRJ)
Barbara Copque (UERJ)
Bruna Triana (UESB)
Daniele Borges (UFPel)
Denise Cardoso (UFPA)
Edgar Xakriabá (UFMG)

Rogério do Pateo (UFMG)
João Martinho (UFPB)
Kelly Ichitani Koide (USP)
Mariana Petroni (UNILAB)

Parcerias Internacionais
Mariano Baez Landa (Ciesas/ México)
Oscar Guarín (Pontificia Universidad Javeriana/Colômbia)
Emiliano Dantas (CRIA/Portugal)

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